Na edição deste ano do Festival de Cannes, uma emocionante exibição da obra Napoleão (1927), dirigida por Abel Gance, marcou o início das atividades. A versão restaurada da aclamada produção muda foi apresentada em Cannes Classics, revelando a grandiosidade do épico com quase 8 horas de duração total.
O meticuloso trabalho de restauração liderado pela Cinemateca Francesa e pela equipe de Georges Mounier durou cerca de 16 anos, custando mais de 2 milhões de euros. Com a descoberta de 100 quilômetros de filmes ao redor do mundo e a reconstrução baseada em anotações originais, a versão definitiva de Napoleão está pronta para emocionar o público, com exibições programadas em Paris e nos cinemas franceses.
Durante a aguardada coletiva de imprensa do Júri Oficial de Cannes, personalidades como Greta Gerwig, Juan Antonio Bayona e outros membros compartilharam suas perspectivas sobre o festival e a indústria cinematográfica. Greta Gerwig, presidente do júri, expressou sobre a importância do movimento #MeToo na comunidade do cinema, destacando os avanços e a necessidade de continuar as discussões sobre mudanças positivas.
As controvérsias em torno do festival também foram abordadas durante a coletiva, com questionamentos sobre a influência destes eventos no julgamento da premiação Palma de Ouro. Greta Gerwig ressaltou a relevância de considerar as controvérsias, refletindo sobre a natureza do cinema como uma forma de arte que incorpora diferentes perspectivas e debates ao longo do tempo, algo intrínseco à essência de Cannes.
A cerimônia de abertura do Festival de Cannes foi conduzida pela atriz francesa Camille Cottin, que apresentou o evento com um monólogo inicial envolvente, marcando o início de uma programação repleta de expectativas e talento cinematográfico.
Um festival de cinema com a presença de personalidades renomadas do mundo artístico, incluindo Juliette Binoche e Meryl Streep, foi marcado por momentos emocionantes e de comédia. Destaque para a entrega da Palma de Ouro honorária a Meryl Streep, em um gesto tocante de reconhecimento. A atriz, visivelmente emocionada, foi elogiada por sua contribuição ao dar visibilidade às mulheres ao longo de sua carreira.
O festival também apresentou um clipe dos trabalhos da diretora que presidiu a cerimônia, com destaque para seus filmes de sucesso. Uma experiência nostálgica e reflexiva sobre o tempo e a jornada pessoal no mundo do entretenimento.
O ponto alto da noite foi a exibição do filme de abertura, uma comédia do diretor Quentin Dupieux. A obra provocou risadas ao fazer uma piada sutil envolvendo a Netflix, brincando com a relação peculiar entre o festival e a plataforma de streaming. No entanto, a comédia em si dividiu opiniões, com algumas ressalvas sobre sua abordagem.
Apesar do potencial cômico e reflexivo do filme, alguns espectadores não se sentiram completamente envolvidos com a narrativa. A longa conversa entre os personagens e o enfoque repetitivo em uma única ideia podem ter contribuído para a sensação de que a comédia não atingiu seu máximo impacto desejado. Uma obra que levanta questionamentos sobre a natureza da realidade e da ficção, mas que não conseguiu cativar a todos.