O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) iniciou um processo administrativo disciplinar para investigar acusações de assédio moral contra o diretor de Administração e Planejamento, Ricardo Lovatto Blattes. As denúncias incluem ameaças de demissão, insinuações de corrupção contra terceirizados, desrespeito a mulheres e comentários machistas.
Após investigações preliminares baseadas em cinco denúncias formais, o Cade decidiu pela abertura do processo disciplinar ao considerar a seriedade das acusações. Até o momento, nove mulheres foram ouvidas. As possíveis sanções incluem advertência, suspensão, demissão ou destituição do cargo.
Ricardo Lovatto Blattes, que é vereador licenciado de Santa Maria (RS) pelo PT, renunciou ao cargo de diretor no Cade após as denúncias. Ele foi nomeado para a posição em outubro de 2023, tendo atuado anteriormente no Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O diretor em questão é responsável pela gestão de pessoas, ações de tecnologia e outras responsabilidades na Diretoria de Administração e Planejamento (DAP). As denúncias afirmam que Blattes criou um ambiente de insegurança e pânico entre os servidores do Cade.
Relatos das funcionárias do Cade apontam que Blattes demonstrou desconforto com mulheres em posições de liderança, chegando a cancelar reuniões por esse motivo. Além disso, teria desrespeitado as presenças femininas em reuniões de chefia, direcionando a comunicação prioritariamente para homens da equipe.
O diretor foi acusado de comentários desrespeitosos em relação ao próprio Cade, além de fazer ameaças de demissão de forma pública. O processo administrativo disciplinar foi iniciado após testemunhas confirmarem indícios de assédio moral em sua conduta.
Em outubro de 2023, foi divulgado que a ida de Ricardo Blattes para o Cade se deu após denúncias feitas por servidoras da Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor, onde ele ocupava o cargo de diretor do Departamento de Proteção de Defesa do Consumidor.
Segundo informações, pelo menos duas servidoras relataram ter sofrido abordagens inadequadas por parte de Blattes, o que resultou em reclamações sobre sua conduta no órgão. A situação tornou-se insustentável.
Ao ser contatado, Ricardo Blattes negou as acusações afirmando desconhecê-las e não ter informações sobre os fatos em questão. Por sua vez, o Cade se pronunciou informando que as denúncias recebidas estão sob tratamento sigiloso, não tecendo manifestações a respeito no momento.
Em apoio às vítimas, duas organizações se manifestaram através de notas. A Associação Mulheres no Antitruste expressou solidariedade e espera que a investigação e apuração do caso prossigam, visando tomar as medidas cabíveis, se necessário, dentro do devido processo legal.
A entidade Mulheres na Regulação demonstrou tristeza diante das denúncias de assédio moral e discriminação de gênero na autarquia. Ela afirmou esperar que os reconhecimentos públicos se convertam em ações concretas, de modo a garantir que as denúncias sejam prontamente investigadas e tratadas com a seriedade merecida, reforçando seu repúdio a qualquer forma de assédio e discriminação.